Mais uma vez, vem à tona na imprensa a questão do “rolezinho”, jovens da periferia que se encontram em grandes centros comerciais (shoppings, na maioria das vezes). A quantidade de jovens é muito grande, e sempre acaba acontecendo alguma bagunça, correria, gritaria, coisas que acontecem em qualquer grande aglomerado de pessoas. Há muitas coisas envolvidas nessa questão desse tal “rolezinho”.
A primeira delas é que conta-se nos dedos o número de jovens que realmente entram no shopping para consumir. No último “rolezinho” no shopping Metrô Itaquera, por exemplo, foram estimados 3 mil jovens. Quantos desses jovens consumiram alguma coisa no shopping dentre esses 3 mil? Portanto, não é um “rolezinho” para compras.
Outro detalhe é que os shoppings são locais privados, aberto ao público, mas privados. Eles podem proibir qualquer ato ou circulação de pessoas dentro de suas dependências, assim como também são os únicos responsáveis por qualquer coisa que aconteça. E, claro, nenhum shopping quer que algo aconteça com ele, muito menos com seus clientes, os que realmente consomem. Tanto é que o Shopping JK Iguatemi conseguiu na justiça o direito de punir os que fossem identificados nos “rolezinhos” previstos para o local.
A presença da polícia e o possível excesso de autoridade nas repressões a estes jovens também foram destaque na imprensa. Claro, qualquer abuso de poder deve ser investigado e punido se confirmado, mas um dos atributos da polícia também é “manter a ordem”. Como que se consegue manter a ordem de quase 3 mil pessoas correndo e gritando pelos corredores de um shopping? E, no caso deste fim de semana, em Itaquera, várias lojas do shopping e fora dele fora danificadas e obrigadas a baixar as portas. Destruir patrimônio, seja público e privado, não é a melhor forma de protestar, todo mundo sabe disso.
Sim, é o mundo que está errado. E é claro que há nestes jovens o anseio de mudar o mundo. Mas não é em “eventos” desse tipo que os jovens vão conseguir protestar, aparecer ou serem vistos, serem inseridos no mercado de consumo, a famosa “ostentação”. Pode ser piegas, mas a mudança só existe nas urnas. Casos como esses só vão fazer a polícia continuar achando que todos são “farinha do mesmo saco”, e vão tratar todos da mesma forma sempre.
Como disse a amiga e atriz Dani Moreno em sua página do Facebook: “Minhas sugestões de ‘rolezim’ pra essa galera jovem e cheia de vontade de mudar o mundo: MASP, OCA, a biblioteca pública mais próxima, uma breve olhada no guia OFF e terão ‘rolezins’ para o mês inteiro, Palácio do Governo e Prefeitura com faixas e cartazes de protesto em punho.”